sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

As Viagens de Nadja - I - Eat it

Resolvi escrever neste humilde espaço virtual algumas historinhas que sempre me fazem sorrir. São coisas que aconteceram comigo nas várias viagens que já tive a oportunidade de fazer na vida (obrigada, papai do céu) e que renderam lembranças deliciosas e material pra muitas conversas com amigos (alguns, aliás, não aguentam mais ouvir as mesmas histórias, preciso voltar a viajar urgente!)

Não esperem nada de porra-louquice, nada erótico, grandes baladas, situações que poderiam ter terminado em tragédia e nem nada desse estilo. Nunca fui porra-louca, aliás considerem que nem beber eu bebo. Tedioso? Sei lá, são maneiras de viver a vida. O que pretendo contar aqui são só memorias que deixam meu coração quentinho. Espero que gostem.

Começo a série com uma ótima que aconteceu com a gente na Grécia, em 2008.

Pois é, estávamos na Grécia, lindo lindo, mas a cidade em que estávamos nem era lá uma beleza. Nunca tínhamos ouvido falar dela até umas 12 horas antes de estar nela, mas é que foi assim: 

Faríamos um cruzeiro pelo Mar Egeu em um barco pequeno, pra 50 pessoas apenas (pensem que o tal do Costa Concordia tinha quase 5000). Nesta região ficam as ilhas mais famosas como Santorini, Creta e Mikonos. Sonho, né? Pois era a viagem dos meus sonhos. E ela aconteceu, só que não: por causa das marés, dos ventos ou sei lá que outra desculpa, não poderíamos navegar pelo Egeu com esse barco e então fomos para o Mar Jônico. E que cazzo tem lá, você sabe? Pois a gente também não sabia. E a coisa não começou bem, já que a primeira cidade onde paramos, essa da história, não tinha nada demais a não ser o fato de ser na Grécia. Ah, e moças de topless assim sem mais.

Pois lá estávamos em um restaurante na beira do mar em Itea (onde?). Um restaurante simples mas aconchegante, todo aberto, que poderia estar em qualquer Guarujá da vida mas estava em Itea. E lá estávamos nós também, depois de sair de Atenas e passar a tarde e a noite navegando. O mar azul azul azul de um lado, do outro uma mesa enorme com dezenas de chineses? coreanos? japoneses? extremamente silenciosos (ah, se fosse um grupo desse tamanho de brasileiros).

Fizemos o pedido ao senhor que nos atendeu, que parecia ser o dono do lugar.

Os pedidos chegaram. O da minha mãe veio errado. E ela, com seu enorme sorriso e seu inglês de multinacional americana:

- Desculpe, senhor, mas isso não foi o que eu pedi.
O que se faz neste caso? O garçom pede desculpas, diz que errou, se oferece para trocar o prato? Diz que o que ela pediu não tem mais e que esse seria cortesia da casa? Não. Você está na Grécia.
- Ah sim, mas é bom, coma.

Juro. Em inglês com o sotaque todo quadradinho dos gregos: "yes, yes, but it`s good, eat it".

Ficamos sem reação por alguns segundos. Minha mãe, ainda sorrindo, tentou argumentar, disse que queria o outro, mas ele estava irredutível. "Don`t worry, eat it. Good. You like it".

Já tínhamos percebido que os gregos são "faz o que tô falando e cala a boca" quando chegamos a Atenas. No hotel, o cara da recepção colocou "RonaldiNIO" no "nome do hóspede" do meu quarto e "Rivaldo" no do quarto da minha mãe e do marido. Pois é. Perguntamos se não teria problema, e ele "no no, no change it, Rivaldo and RonaldiNIO". Ah, e também quando nos avisaram da mudança de rota do cruzeiro, porque não nos deram alternativas como descer do barco e ir em outro cruzeiro, ou o dinheiro de volta, nada. "No, not going to Santorini, no Santorini, I told you already", dizia nossa guia. 

Demos risada do bizarro da situação. O cara não estava sendo grosso, ele apenas era grego; não consegui descobrir se os gregos são grossos de um jeito simpático ou simpáticos de um jeito grosso.

Minha mãe resolveu comer o prato. E era bom mesmo. Quando o senhor passou perto da nossa mesa, minha mãe o chamou e comentou que ele tinha razão, que o prato era bom mesmo.

- I know, I told you. Good. 

E foi esse jeitinho de ser, além das paisagens fascinantes e dos lugares históricos incríveis (imagina conhecer onde ficava o famoso oráculo de Delfos e onde surgiram as Olimpíadas?), que fez a Grécia entrar no meu coração de tal maneira que eu voltaria pra lá mil vezes se eu pudesse. Não sei se pra Itea, mas enfim. A viagem, mesmo seguindo um roteiro diferente do original, acabou sendo maravilhosa. E ainda conseguimos ir pra Santorini, mas isso é tema pra outro post.

Fotinho tirada pertinho do restaurante:

5 comentários:

  1. Muito bom lembrar!!!
    bjs

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  2. Muito bom! Já ouvi falar que os gregos são meio grossos, mas pelo seu post pareceu mesmo que são "simpáticos de um jeito grosso" hahaha... a parte do RonaldiNIO e Rivaldo também é ótima! Talvez seja a maneira (impositiva) deles de se acharem mais próximos... sei lá, parece que a intenção é boa! Os posts de Viagens de Nadja serão muito bem-vindas pra mim! Seu blog é muito divertido!

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  3. hahaha Nadja, meu namorado é descendente de grego e eles são assim mesmo (não ele, mas as histórias que ele conta...). Mas é que eles acham que tudo deles é bom, então, não tem isso, vai o outro que é bom também! hahaha
    Muito bom!

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  4. Só para avisar que te linkei na minha lista de blogs
    Abraços

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